Agricultores ocuparam com faixas e cartazes a
Delegacia Federal da Agricultura na Paraíba
(Foto: Walter Paparazzo/G1)
Delegacia Federal da Agricultura na Paraíba
(Foto: Walter Paparazzo/G1)
Sem receber o pagamento pela produção do leite há 60 dias, cerca de 200
agricultores realizaram um protesto em frente a Delegacia Federal da
Agricultura, em Cabedelo
- região metropolitana de João Pessoa, na manhã de desta quarta-feira
(27). Os fornecedores do programa estadual do leite pedem o pagamento
dos litros que foram produzidos e vendidos ao governo da Paraíba, bem
como a reformulação do programa do leite, com o fim do limite de litros
pro produtor.
O protesto resultou em um engarrafamento no sentido Cabedelo/João
Pessoa por volta das 14h desta quarta-feira (27). No local, vários pneus
em chamas fecharam a rodovia, impedindo que qualquer veículo passasse,
por isso o trânsito também afetou vias perto ao local, como a avenida
Tancredo Neves, que ficou com o tráfego parado. A Polícia Militar e a
Polícia Rodoviária Federal foram chamadas e por volta das 15h o
engarrafamento começou a ser normalizado.
BR-230 ficou fortemente confestionada
(Foto: Walter Paparazzo/ G1 PB)
(Foto: Walter Paparazzo/ G1 PB)
O agricultor João Bosco, produtor da cidade de Taperoá,
na região da Borborema, explicou que não existe mais possibilidade de
continuar produzindo para o programa diante da situação que estamos.
“Não podemos mais continuar com o limite de 19 litros de leite de cabra e
17 litros de vaca, é um limitação que prejudica. Além disso precisamos
receber para continuar produzindo. Como vamos alimentar nossas cabras e
vacas sem o pagamento do programa do leite? Merecemos pelo menos um
pouco de dignidade”, explicou o agricultor.
Passagem foi bloqueada com pneus em chamas
(Foto: Walter Paparazzo/ G1 PB)
(Foto: Walter Paparazzo/ G1 PB)
Ainda segundo os agricultores, o governo compra o litro do leite por um
valor abaixo do mercado. Conforme João Bosco, o programa do leite, de
responsabilidade da Fundação de Ação Comunitária (FAC), compra o leite
dos produtores ao preço de R$0,92 quando no livre mercado o mesmo litro é
comercializado em média a R$ 1,50. “Queremos uma conversa com o
governo, uma posição, uma garantia de que o nosso dinheiro será pago.
Estamos apenas em cerca de 400 agricultores nesse protesto, mas
representamos um grupo de 4.000 produtores que abastecem mais de 1.200
família em toda Paraíba”, comentou João Bosco.
O G1 tentou entrar em contato com a direção do FAC,
mas até as 12h ainda não recebeu resposta sobre o caso. Em maio, após
uma série de investigações, a Polícia Federal (PF) encontrou
irregularidades envolvendo empresas e produtores cadastrados no Programa
do Leite da Paraíba. Conforme a PF, empresas estavam “fabricando”
produtores, cadastrando pessoas que não eram agricultores, para que
fossem vendidos mais litros de leite sem que se extrapolassem o limite
de produção estabelecido pela FAC.
A rodovia foi feixada com mensagem dos
protestantes(Foto: Walter Paparazzo/ G1 PB)
protestantes(Foto: Walter Paparazzo/ G1 PB)
O diretor da FAC, Ramalho Leite, afirmou durante as investigações da PF
que uma ordem da 3ª Vara da Justiça Federal determinava a suspensão do
pagamento aos produtores até que fossem concluídas as investigações. Há
época Ramalho Leite explicou que a suspensão do benefício financeiro dos
fornecedores comprometeria o futuro do programa na Paraíba.
“Inicialmente essa suspensão do programa será aceitável, mas se perdurar
por muito mais tempo vai prejudicar diretamente as milhares de pessoas
que recebem diariamente o leite entregue pelo Programa do Leite na
Paraíba. Deve-se punir os irregulares, mas sem prejudicar a população. É
preciso haver bom senso neste momento”, decretou.
Do G1 PB
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